CBROHI

O Colégio Brasileiro de Odontologia Hospitalar e Intensiva entrevistou o cirurgião-dentista Eimar Lopes de Oliveira. Graduado em história e em odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ele é Habilitado em Odontologia Hospitalar pelo CFO (com curso na SOERN), ele ainda tem pós-graduação em Prótese total, fixa e removível e em Prótese sobre implantes.

Com 30 anos de experiência, Eimar é servidor público do estado do Rio Grande do Norte, onde é Coordenador do serviço de OH do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel em Natal (RN), além de desenvolver trabalho no setor na iniciativa privada e em consultório particular.

Como o senhor se interessou pela Odontologia Hospitalar?
Quando fui Presidente do CRO-RN tive a oportunidade de promover algumas palestras sobre o assunto. Além disso, fomos também um dos CRO’s pioneiros na criação da comissão de OH. Em terceiro plano veio o meu vínculo como servidor público estadual, porém prestando serviço ao município de Natal e teria que retornar para o meu órgão de origem. Foi nesse momento que, além da admiração pela área, veio também a necessidade de uma capacitação para atuar em hospitais.

Como começou a trabalhar com OH e onde atua hoje em dia?
O início foi exatamente o meu retorno do município de Natal para a Secretaria Estadual de Saúde (Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel – HMWG), onde trabalho atualmente, além de hospitais privados e atendendo a demandas espontâneas.

Em seu local de trabalho, quais as principais demandas?
Atuo em UTI, cuja referência são pacientes neurológicos. Portanto as principais demandas giram todas em torno do controle da infecção. Desde a coordenação da OH até procedimentos que por ventura sejam necessários, como RAC, exodontias, drenagem de abscessos, remoção de aparelhos protéticos, aparelhos ortodônticos, etc.

Quais suas dificuldades no início e atualmente?
No início minha maior dificuldade foi mostrar, através do meu trabalho, o que de fato um dentista estaria fazendo no hospital. As noções pela equipe eram muito limitadas, com algumas exceções. Nós criamos o serviço de OH no HMWG, portanto começamos do zero. Outra dificuldade foi conseguir padronizar as medicações de uso diário pela OH, como a clorexidina 0,12%, dexpantenol, entre outros. Atualmente a maior dificuldade é ampliar a equipe, pois somos apenas 7 CD’s p cobrir 5 UTI’s (todos com carga horária de apenas 20 horas semanais), incluindo uma pediátrica. E temos muita dificuldade para conseguir profissionais capacitados.

Como você avalia seu trabalho com a Odontologia Hospitalar?
Avalio hoje como de fundamental importância para a saúde da população. Fico muito feliz quando vejo q já sedimentamos a nossa participação na equipe. Não se fala mais em equipe sem estar incluído o CD. Isso é um reconhecimento imensurável. Temos também participação na reunião do conselho de gestores, como coordenador. Enfim, estamos aos poucos conseguindo “existir” de fato e de direito.

Quais suas conquistas no ambiente de trabalho?
Além de sermos, de fato, parte da equipe, temos outros pontos a comemorar, como a padronização das medicações utilizadas, termos nossa presença solicitada em todas as demandas do setor, sermos membros efetivos nas reuniões multidisciplinar leito a leito e atores principais nos processos de diminuição nos índices de infecções na UTI (principalmente as PAV’s), além da participação efetiva na diminuição da quantidade de dias de internação e no uso de antimicrobianos e outros medicamentos.

 

“A OH é inclusão social, é qualidade de vida. Os pacientes internados em hospitais onde existem cirurgiões- dentistas têm outro perfil de saúde. A Odontologia permite conforto e diminui o sofrimento das pessoas internadas”

 

Quais seus objetivos a médio e longo prazo?
Para médio prazo espero conseguir efetuar a compra de todos os instrumentais Odontológicos, conseguir enquadrar os procedimentos odontológicos como procedimentos a serem faturados pelo hospital e aumentar a quantidade de colegas capacitados para que consigamos fechar as escalas de todas as UTI’s de domingo a domingo. Já a longo prazo vislumbro a aquisição de um aparelho de laserterapia para nossa equipe e conseguir uma sala (física) para abrigar a equipe quando dos momentos não-assistenciais.

Quais os principais desafios para conseguir trabalhar com OH?
A qualificação profissional e o estabelecimento de protocolos a serem reconhecidos e utilizados no hospital.

Como vê que a Odontologia Hospitalar influi na qualidade de vida de seus pacientes?
A OH é inclusão social, é qualidade de vida. Os pacientes internados em hospitais onde existem cirurgiões-dentistas têm outro perfil de saúde. A Odontologia permite conforto e diminui o sofrimento das pessoas internadas.