CBROHI

Chegou o mês da campanha Julho Bordô, organizada pelo Colégio Brasileiro de Odontologia Hospitalar e Intensiva que visa apoiar o combate à mucosite oral em pacientes oncológicos.

A presidente do CBROHI, Adriana Payão, explica que mucosite oral é uma das complicações mais frequentes, sintomáticas e preocupantes da quimioterapia agressiva e radioterapia em região de cabeça Cabeça e Pescoço (CCP) para o tratamento do câncer dessa região, assim como também pode ser decorrente do tratamento quimioterápico para outros tipos de cânceres. Ela aparece comumente no período de imunossupressão, que pode de ocorrer após alguns dias do início da terapia antineoplásica em consequência dos efeitos tóxicos do protocolo quimioterápico e/ou após as primeiras sessões de radioterapia em região de cabeça e pescoço.

Apesar de ser autolimitada, cicatrizando geralmente em 2 a 4 semanas após o término ou interrupção do tratamento quimioterápico ou radioterápico, a mucosite oral causa dor e incômodo intensos, o que dificulta a alimentação diária. A mucosite pode atingir todo o trato gastrointestinal, da cavidade oral ao ânus, com lesões atróficas e avermelhadas que podem evoluir para úlceras hemorrágicas, além do risco aumentado para infecções secundárias. Todas essas complicações podem comprometer a qualidade de vida e interromper o tratamento oncológico.

O laser de baixa potência (laserterapia) traz benefícios clínicos e funcionais. Por apresentar ação anti-inflamatória, ele acelera o processo de cicatrização das úlceras e reduz o quadro doloroso. Após a Portaria Nº 516, de 17 de junho de 2015, do Ministério da Saúde, novas técnicas garantiram ao paciente do SUS melhorias no diagnóstico e tratamento do Câncer de Cabeça e Pescoço (CCP). “Temos uma luta constante para mostrar, tanto para os cirurgiões-dentistas quanto para a sociedade em geral, que a laserterapia é benéfica na prevenção e tratamento de uma das principais complicações bucais causada pela quimioterapia e radioterapia. Não é a toa que neste mês também é comemorado o Julho Verde, de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço”, comenta Adriana.

O Colégio busca, em ações junto ao Ministério da Saúde, que seja criado o código específico do procedimento de laserterapia para tratamento da mucosite oral / orofaringe no SIGTAP – Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimento, Medicamentos e OPM do SUS. A campanha Julho Bordô foi essencial para a inserção do tratamento no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar pela Resolução Normativa RN Nº 387, de 28 de outubro de 2015, que passou a valer a partir de 2016.

A aprovação dos procedimentos depende dos acordos comerciais que os hospitais possuem com as operadoras de saúde, no caso da rede privada. Dependendo do tipo de plano ou categoria, o pedido será liberado ou não pela operadora, mesmo com a inclusão do procedimento no ROL da ANS. “Quem pode negar o procedimento é a operadora. Quando não existe acordo comercial entre o hospital e a operadora para algum procedimento o sistema do hospital pode dar a informação de ‘não coberto’, o que não significa negado”, explica a presidente do CBROHI.